"Lembrai, lembrai, do 5 de novembro..."

Olá, amigos leitores. Hoje vim relembrar deste clássico dos quadrinhos, e que em 2006 ganhou uma adaptação para as telonas com várias alterações. Várias delas foram para tornar a história mais de ação e menos conceitual e psicodélica, assim como fazer com que o público americano não fique com uma pulga atrás da orelha - principalmente pelos eventos recentes do 11 de setembro, ocorrido em 2001.

 "Lembrai, lembrai, do 5 de novembro
A pólvora, a traição e o ardil
Por isso não vejo por que esquecer
Uma traição de pólvora tão vil"




HISTÓRIA GERAL

V de Vingança é uma história de luta contra o fascismo. Tanto o filme quanto a HQ deixam a mensagem bem clara ao criar um símbolo que, em qualquer protesto ao redor do mundo, é possível identificá-lo: a máscara de Guy Fawkes utilizada por V. O cenário de fundo é o seguinte: houve uma guerra nuclear, e o pouco que restou da Inglaterra está imerso em um regime totalitarista. A radioatividade não chegou a atingir o Reino Unido, porém Londres foi submersa após rompimento da barragem no rio Tâmisa. O conflito ocorreu entre três lados: Polônia, Rússia e Estados Unidos. É dito também que a África completa desapareceu. Temos, então, um cenário distópico onde o conflito nuclear comprometeu a humanidade.

A Inglaterra sob comando nazifascista semeia todos os elementos vistos na Segunda Guerra Mundial: campos de concentração, chamados de campos de readaptação, toque de recolher, religião influente e absoluta, e uma polícia cuja unidade de elite lembra a Gestapo da Alemanha nazista. É neste contexto em que se criam os protagonistas: V e Evey Hammond. Evey é uma adolescente de 16 anos, que trabalha em uma fábrica de fósforos após perder sua mãe, por motivo de doença, e seu pai, que foi preso por ter sido de um movimento socialista durante a juventude. Assim, sem pai e mãe, acabou indo morar em um albergue onde trabalha sob condições de escravidão. Algumas colegas de Evey se prostituem para conseguir um dinheiro extra, e Evey faria isso também não fosse o encontro com os Homens-Dedo – a tal elite policial que atua sem limites. E é neste encontro que V surge, em meio a fumaça, explosões e intensa verborragia – uma entrada triunfal com boa dose de ação.
Hugo Weaving deu vida ao V no cinema

V é produto do fascismo. Pouco se sabe sobre o protagonista, como seu nome, seu rosto ou sua idade. O que é dito ao longo das páginas é que ele esteve em um campo de concentração conhecido como Larkhill. Lá ele foi vítima de experimentos liderados pela cientista dra. Delia Anne. O paciente da sala 5 – V, em numeral romano – como era chamado pela doutora, reagiu muito bem às doses de injeção que recebia, sendo que os outros pacientes (ou seriam cobaias?) acabaram morrendo de forma bizarra. O paciente da sala 5 ganhou a confiança da doutora e de Lewis Prothero, diretor daquele campo de concentração, e passou a cuidar de uma horta e plantar rosas Carson. Com o tempo ele acabou tendo a liberdade de solicitar insumos que seriam utilizados nas plantações. Tendo a confiança dos guardas e da doutora, e a liberdade de solicitar alguns materiais, o paciente da sala 5 acabou construindo um artefato que explodiu e ateou fogo em todo o campo. Os que lá trabalhavam e conseguiram escapar, entraram para a lista de V e suas mortes são exploradas logo nos primeiros quadrinhos.


  • Em primeiro lugar a vítima é Lewis Prothero, que acaba enlouquecendo após sua coleção de bonecas ser queimada. Ele era o diretor do Campo de Concentração Larkhill.
  • A segunda vítima foi o reverendo Lilliman, que também estava presente no campo de concentração Larkhill, mas sua função não é descrita – provavelmente era capelão. Morreu ao ingerir uma hóstia feita de cianureto.
  • A terceira vítima de V é a dra. Delia Anne, que era a cientista que liderava os experimentos nas cobaias humanas. Recebeu uma injeção que a fez dormir e não acordar mais.

Da esq. para dir.: Prothero, Lilliman e dra. Delia

Este é o que a graphic novel nos apresenta, recomendo a quem puder, dê uma oportunidade pois será uma bela leitura! Esta publicação se encerra por aqui, mas a parte 2 detalha o fato histórico que inspirou Alan Moore a criar esta história.

Abraços,
Kike