As adaptações de "Drácula" ao longo dos anos (feat. Anna Vondergeist)

Muito bem, caros leitores do Estante de Cinema! Estamos de volta. A matéria de hoje, 21 de julho, aborda as distintas adaptações do livro Drácula, escrito e publicado pelo autor irlandês Bram Stoker. O romance gótico de 1897 foi alvo de muitas críticas na época de seu lançamento, mas não demorou muito para que o cinema o adaptasse pela primeira vez - e por pouco Stoker não viu seu livro ganhar vida com Nosferatu, em 1922 (a morte do autor foi em 1912). Em 1958 mais uma adaptação do livro de Bram Stoker chegou às telonas a partir de uma super-produção da clássica Hammer Productions: O Vampiro da Noite, com Peter Cushing e Christopher Lee. Por fim, nos anos 90, o diretor de Poderoso Chefão 1, 2 e 3 Francis Ford Coppola assumiu a bucha de adaptar fielmente o romance. Sem mais delongas, conto com a participação da Anna Vondergeist na construção do texto, vambora!

NOSFERATU (1922)

Estante:

Um dos filmes prestes a completar 100 anos é Nosferatu. Esta obra adapta o livro "Drácula", do autor irlandês Bram Stoker. Bram foi romancista e escritor e dentre suas várias publicações, a que mais chamou a atenção foi a história onde nasceram os vampiros. Pouco tempo após o falecimento do escritor, em 1912, veio a primeira adaptação de sua aventura epistolar em 1922. O filme mudo trouxe um corretor de imóveis que viaja à Alemanha na tentativa de vender o castelo de um lorde chamado Orlof. Mal sabe o corretor que ele viverá dias de puro terror naquele lugar, e que até quando retorna para sua amada, lorde Orlof tentará contra a vida do casal. O filme é ainda uma obra do movimento artístico conhecido como Expressionismo e tece linguagem muito interessante mesmo em um filme preto e branco, além de mudo.

Anna:

Nosferatu, uma sinfonia de horrores (1922), de Friedrich Wilhelm Murnau junto com Metrópolis (1927) de Fritz Lang, e O gabinete do Dr. Caligari (1919), de Robert Wiene fizeram parte na época de uma nova face do cinema, o expressionismo alemão, com seu auge na década de 1920, tendo como suas fortes características a distorção de cenários e personagens, através da maquiagem pesada e marcante, e dos recursos de fotografia.

Nosferatu foi o primeiro longa-metragem de grande distribuição com o tema de vampiros, mas uma informação desconhecida por muitos dos fãs é que a intenção dos criadores era adaptar o livro de Bram Stoker para o cinema, mas na época não conseguiram comprar os diretos autorais, sendo assim, eles apenas mudaram os nomes e características dos personagens e alguns poucos detalhes da história.
Mas não feito apenas de copias, o filme traz uma característica original dos vampiros usada até hoje em diversas obras, a luz solar sendo mortal para as criaturas, Nosferatu foi o responsável por trazer à tona esse mito. As semelhanças do filme com o livro acabaram resultando a falência da Prana Film, e destruição de "todas" as copias do filme. “Nosferatu é uma palavra moderna derivada da palavra em eslavo antigo Nosufur-atu, extraída do grego Nosophoros, Portador de Pragas.” – J. Gordon Melton.

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O VAMPIRO DA NOITE (1958)

Estante: 

O Vampiro da Noite (1958) - Engana-se quem acha a Marvel original ao estabelecer um universo compartilhado no cinema. Lá pelos idos de 1950, Christopher Lee dava vida ao famoso vampiro em mais uma adaptação do livro escrito por Bram Stoker. Dessa vez Jonathan é assistente de Van Helsing e a dupla atua como caçadores de vampiros. Jonathan é mordido, e resta a Van Helsing caçar o vampiro milenar. Aqui a produção da Hammer, especializada no gênero terror, trouxe estética impressionante na violência gráfica, elemento este marcante e presente em todos os filmes deste universo. Em algumas oportunidades mudaram atores e atrizes, nem mesmo Cushing ou Lee escaparam das mudanças, mas eventualmente acabaram retornando e até mesmo protagonizando em outros filmes além das adaptações de lendas vampirescas. Ainda houve enorme diferença para com o livro, mas um passo adiante foi dado e a cultura pop recebia mais um grande monstrengo para seu panteão de demônios.

Anna:

O Vampiro da noite: O filme britânico de 1958 dirigido por Terence Fisher, estrelado Peter Cushing e Christopher Lee é o primeiro da série de filmes da Hammer Film Productions, tendo 8 continuações:

  • As Noivas do Vampiro - The Brides of Dracula (1960)
  • Drácula o Príncipe das Trevas - Dracula, Prince of Darkness (1965)
  • Drácula, o Perfil do Diabo - Dracula Has Risen From the Grave (1968)
  • O Sangue de Drácula - Taste the Blood of Dracula (1970)
  • O Conde Drácula - Scars of Dracula (1970)
  • Drácula no Mundo da Mini-Saia - Dracula AD (1972) (sim, por mais hilário que pareça)
  • Os Ritos Satânicos de Drácula (The Satanic Rites of Dracula (1973)
  • A Lenda dos Sete Vampiros (The Legend of the 7 Golden Vampires (1974)
A história, como é de se esperar tem varias semelhanças como livro de Bram Stoker, porém O vampiro da Noite tem como característica o uso da violência e erotismo nas cenas, o filme é o primeiro que traz à tona a ideia da rivalidade entre Drácula e Van Helsing (personagem que no livro era apenas um doutor digamos que curioso).
Christopher Lee é considerado por muitos o melhor drácula do cinema, apesar de ter aparecido em relativamente poucas cenas do filme, sua presença foi sem dúvidas, marcante. Sendo monstruoso e ao mesmo tempo sensual.

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BRAM STOKER'S DRACULA (1992)

Estante:

Drácula, de Bram Stoker (1992) - Em 1992 o diretor da trilogia O Poderoso Chefão assumia a adaptação definitiva do romance irlandês. Winona Ryder, Keanu Reeves, Gary Oldman e Anthony Hopkins são as cerejas deste bolo magnífico com atuações radiantes. Este filme, sim, adaptou o livro o mais fiel o possível - com algumas passagens suprimidas e/ou resumidas, devido ao tempo de tela - e ainda incluiu um adendo à introdução do filme, que acabou estabelecendo as raízes do conde Drácula, tanto com a igreja quanto com sua amada esposa. Vários anos depois o mórbido lorde descobre a reencarnação daquela que ele amou e traça um plano vil para que ela retorne para seu antigo lar. Aqui não precisa nem dizer a respeito da violência gráfica, que neste ponto já havia avançado horrores com relação aos primeiros filmes retratando o Drácula, e temos também boa ambientação e trilha sonora.

Anna:

Apesar do baixo orçamento do filme, Coppola nos entrega uma verdadeira masterpiece, com um forte aspecto teatral, tendo uma trilha sonora sinistra e marcante. Os cenários e efeitos, algumas vezes bem artificiais ganham seu charme devido as luzes e sombras criadas pelo diretor, trazendo um ambiente frio e característicos desse tema. O filme teve o rendimento de 215 milhões de dólares, e foi uma das maiores bilheterias de 1992, venceu 3 Oscars: de maquiagem, Figurino e efeitos sonoros.

Drácula, de Bram Stoker é romântico, belo, erótico e insano.

Abraços,

K & A