Destacamento Blood - Spike Lee é um diretor à frente do tempo!

Olá amigos do Estante! Hoje venho fazer uma crítica do filme Destacamento Blood (Da 5 Bloods), filme original da Netflix lançado em junho de 2020. A direção ficou por conta de Lee e teve no elenco Chadwick Boseman, Delroy Lindo, Isiah Whitlock Jr. e até mesmo Jean Reno.

Sinopse - Quatro veteranos da Guerra no Vietnã se reencontram no antigo palco de batalha. Estão atrás de dois tesouros: os restos mortais de um antigo companheiro e barras de ouro, que foram encontradas na época do conflito e estão enterradas em algum lugar.

"Que se dane a técnica!" Deve ter pensado Spike Lee. O filme foi feito com o coração, isso é inegável. É possível que seja por conta da abertura que a Netflix oferece aos roteiristas - ou pelo menos restrições de menos, por assim dizer - fazendo com que o filme tenha a cara do diretor, sem sombra de dúvidas. Apenas quando começarem a pipocar versões do diretor, em filmes originais da plataforma, é que vou acreditar que isso começou a mudar. Por enquanto, vida segue cintilante.

Há uma dose de humor em cada personagem, principalmente na relação amistosa que eles mantiveram entre si, mesmo ao longo dos anos. O grande antagonista do filme não é um vietcongue das antigas, mas sim o dinheiro - ou, melhor dizendo, as barras de ouro que aguardam os veteranos. Muitas questões antigas voltam à tona. Traumas não superados. Não é à toa que, nas cenas ambientadas durante o conflito, o Destacamento Blood não é interpretado por atores mais jovens. Sequer é utilizado CGI rejuvenescedor. A ideia foi de que nada mais importa, pois quando seus traumas voltam para te assombrar não importa quanto tempo tenha se passado.

Esta repetição é vista em vários níveis da narrativa do filme. Um destes níveis é o histórico dos afro-descendentes nos Estados Unidos, como quando eram escravizados nas plantações de algodão, ou como foram utilizados como bucha de canhão nas guerras travadas pelo país. Esse conceito de repetição também se apresenta nas relações dos personagens, por exemplo, ou na relação dos mesmos com o país onde a trama é ambientada.

A trilha sonora é belíssima e seleciona o filé da música negra norte-americana, com direito a muitas canções de Marvin Gaye.

Destacamento Blood não é um filme de guerra. É um filme de amizade, com direito a de tudo um pouco que uma amizade na vida real pode ter: drama, humor, inveja, admiração, companheirismo, conflito, gratidão, rancor. Para todo bem, Lee inseriu um mal também - confesso que na parte boa deu vontade de tomar uma cerveja junto daqueles caras, pois o filme tece uma narrativa fazendo com que uma relação moderna seja mostrada. Em outras palavras, chegamos a ter a impressão de que aquilo realmente aconteceu, ou que foi desenvolvido com improviso pois tudo soa muito natural na amizade dos quatro veteranos. É de filmes assim que estamos precisando, pois em tempos de isolamento social realmente sentimos saudades de abraçar um velho amigo, tomar uma cerveja gelada e jogar conversa fora.

Encerro esta publicação por aqui, espero que tenham gostado! Quem ainda não viu, vá assistir.

Abraços,

Kike