Kagemusha, a Sombra do Samurai (1980)

Na década de 80, o cineasta japonês Akira Kurosawa já colecionava quase 40 anos de carreira. Nascido em março de 1910, seu primeiro trabalho foi o filme Uma (Horse, 1941), onde trabalhou como roteirista para o diretor Kajiro Yamamoto, e em 1943 dirigiu Stray Dogs. 

Não tardou em ser reconhecido por dirigir filmes épicos como Os 7 Samurais e o longa em dose dupla Yojimbo / Sanjuro (1961 / 1962), porém, um de seus principais trabalhos foi o filme Ran, lançado em 1985. Como prévia deste clássico, falaremos de Kagemusha, a Sombra do Samurai, lançado em 1980 e que anteviu inúmeros recursos que viriam a ser utilizados em Ran.

Sinopse - No século 16, quando poderosos líderes de clãs concorriam pelo controle do Japão, um ladrão condenado com uma estranha semelhança com um deles é usado como seu dublê. Quando o líder do clã morre, o ladrão é obrigado a assumir seu lugar.

Lorde Shingen (cen.) entrevista Kagemusha (à dir.), seu dublê de corpo

Esta é a sinopse do filme, e já nos situa quando começarmos a assistir ao longa com suas 3 horas de duração. Isso se deve ao filme ter muitos personagens importantes e o figurino de cada um é meticulosamente planejado. Bravo! Só não contavam com o olhar desatento dos ocidentais que viriam a assistir o filme. Portanto, em 180 minutos de película é fácil se perder nas quase iguais personagens. Creio estar acostumado com figurinos maniqueístas clássicos, onde o vilão usa roupas pretas e o mocinho usa roupas mais claras como branco e bege. Ao invés de pontuar como defeito, considere este trecho um desabafo sobre a limitação deste que vos escreve.

Ao passo que o dublê do Lorde Shingen assume o trono, é muito interessante ver descrito como que em detalhes a atuação de um homem comum que, por um acaso do destino, se torna um lorde feudal. Talvez a ironia do filme fosse expor o comportamento de tal homem, que fora outrora ordinário e em uma sinapse se viu sentando em tronos e comandando homens.  Kurosawa não poupou esforços e mesmo com poucos recursos, alguns emprestados de Francis F. Coppola e George Lucas, realizou lindas cenas de batalha ao anoitecer. A trilha sonora soa como uma marcha dos samurais e nos coloca quase que inteiramente dentro daquele cenário de destruição e morte.

Cena do pesadelo de Shingen

Para quem ainda não assistiu Ran, pode ser interessante dar uma chance à Kagemusha antes, e ir se habituando com o estilo de Kurosawa e seus filmes coloridos. E para quem nunca assistiu nada de Kurosawa, sugiro começar logo! Está esperando o quê?

Abraços,

DeBritto