O que Demolition Man previu (e acertou) no filme de 93?

Muito bem, amigos do Estante. Quem não se lembra do filme O Demolidor, com Sylvester Stallone? É um clássico filme policial dos anos 90, ambientado em Los Angeles obviamente e repleto de cenas de ação. O filme começa em 1996 e tem um salto temporal para 2032 e, assim, lhes pergunto: o que o filme previu e acertou até aqui?

O Demolidor conta a história da rivalidade entre o policial John Spartan (Stallone) e o criminoso Simon Phoenix (Snipes). Spartan caça Phoenix igual gatos caçam ratos: os dois se provocam, trocam ofensas, mas Phoenix sempre arranja uma maneira de escapar. Claramente John Spartan tem o limite da lei e não pode ultrapassar esta linha, embora ele seja conhecido por ser alguém que explode um shopping center para salvar "apenas" uma garotinha. O cenário de fundo é uma típica Los Angeles dos anos 90, época em que muitos filmes retrataram as guerras entre gangues, o tráfico e muita criminalidade.

Spartan comete um erro e acaba sendo responsabilizado por demolir um prédio inteiro ao capturar Phoenix. Haviam reféns sendo procurados, mas após o prédio cair todos eles são declarados mortos, e Spartan vai para a cadeia - mas não uma prisão qualquer, e sim uma crio-prisão, onde o prisioneiro é congelado e mantido vivo.

36 anos se passam e Simon Phoenix escapa da crio-prisão, quando passaria por uma sessão de recondicionamento. Crime após crime de Phoenix, a polícia recebe o sinal verde para descongelar John Spartan. Um bandido das antigas só pode ser capturado por um policial das antigas. Neste salto temporal temos o vislumbre de como as pessoas na década de 90 imaginavam como seria o futuro. Estamos à 10 anos do período em que o filme é ambientado mas muitas coisas já são parte de nossa realidade, vamos ver quais?

Tecnologia integrada

Não temos interruptores ou telefonemas como antigamente, pois o negócio agora é o comando por voz, portas automáticas e vídeo-chamadas. Com as vídeo-chamadas ainda temos as reuniões não-presenciais e também relações sexuais.

A tecnologia integrada também permite monitoramento 24 horas, com câmeras espalhadas pela cidade e a possibilidade de pesquisar e localizar indivíduos de maneira instantânea, devido a um chip implementado na mão de toda a população.

Piloto automático

A Tesla está mostrando as asas para o mundo, mas o piloto automático já está presente há muito tempo. A montadora americana, que tem como CEO Elon Musk, é a primeira em quem pensamos quando o assunto é posto à mesa, porém montadoras como Mercedes-Benz já utilizavam tal tecnologia há um bom tempo inclusive. Pode-se dizer que o recurso piloto automático está se tornando uma realidade pouco a pouco.

Censura vs. Liberdade de expressão

Durante o filme vemos palavrões serem censurados e condicionados à multa quando o enredo chega no ano de 2032. Podemos fazer um paralelo disso com a maneira que as redes sociais lidam com o assunto, inclusive tendo os dois grupos vociferando um contra o outro. O roteiro parece fazer também uma previsão de que o socialismo estaria no mainstream, com as pessoas que vivem na superfície, enquanto o capitalismo estaria condicionado ao submundo, onde as pessoas vivem debaixo do esgoto.

O filme mostra como a sociedade da superfície se veste igual, se alimenta com comida seleta pelo governo e está sob vigilância 24 horas. Não pode beber, não pode fumar, não pode beijar, sal é proibido, não pode isso e nem aquilo... Já o submundo parece mostrar como o capitalismo seria condicionado no período em que estamos, com as pessoas precisando se esconder por pensarem diferente. No submundo do filme as pessoas se escondem por comer hambúrguer de rato e tomar cerveja quente, além de serem adeptas do famoso carango bruto. Mais um acerto do filme. Hoje em dia você não precisa ser isso ou aquilo, basta não ser igual a massa que você já é esmagado nas redes, e há também quem clame por liberdade de expressão (ou, pelo menos, ter o direito de ser idiota, coisa que até um marginal como Simon Phoenix diz no filme).

É isso, queridos leitores. Espero que tenham gostado da matéria!

Abraços,

DeBritto