Muito bem, amigos do Estante. Vamos falar sobre documentários? Há muitas variantes narrativas para este estilo, e hoje quero abordar o documentário reflexivo. Para isso, tenho como base o filme Reagrupamento, de Trin T. Min-ha (link: https://vimeo.com/463151251)
Primeiro de tudo, é de se destacar o seguinte aspecto: este documentário não trás um personagem, um fio condutor, que nos pega pela mão e apresenta ao expectador um universo novo, não explorado. Nem por isso deixamos de conhecer Senegal, suas tribos e pessoas. Ainda assim, nos é estranho não conhecer um protagonista ou ver o desenrolar de uma história envolta em inúmeros percalços e contextos sociais, políticos e econômicos.
Reassemblage trás uma série de imagens soltas, áudios desconexos, trilha sonora entrando de supetão. O tempo todos nos questionamos qual história a diretora deseja contar, qual é o ponto de vista que o enredo adotará... Tudo isso pode ser descrito como uma tentativa de desvencilhar a imagem de sua obra com a de outros documentários, ou ainda, como uma tentativa de questionar o que o método de etnologia e etnografia causam de interferência em seus respectivos estudos.
É como se fôssemos tele transportados para lá neste exato instante em que você lê este texto (ou que eu o escrevo), e chegássemos lá sem saber o idioma, os costumes e nem a cultura local. Veríamos muitas coisas, mas provavelmente com um olhar desatento, percebendo o ambiente mas se aprofundando pouco em um assunto específico. Este é o espírito do filme, e nem por isso deixamos de conhecer um país.