ESTRADA PARA PERDIÇÃO: Um clássico subestimado

Muito bem, meus amigos! Cá estamos para mais uma crítica de filme. Sentiram saudades?

Pois vamos lá, o filme de hoje é Estrada Para Perdição, filme de 2002 dirigido por Sam Mendes, que tal?

FICHA TÉCNICA

Diretor - Sam Mendes

Lançamento - 2002

Elenco - Tom Hanks, Paul Newman, Tyler Hoechlin, Daniel Craig, Ciarán Hinds, Stanley Tucci, Jude Law

Sinopse - Mike Sullivan é um homem de confiança do mafioso John Rooney. O filho de Rooney, com ciúmes dessa relação próxima, acaba armando uma tramoia contra Sullivan.

QUADRINHOS

Estrada Para Perdição é, originalmente, uma história em quadrinhos lançada em 1998 pela Paradox Press. A história foi escrita por Max Collins com artes de Richard Rayner. Durante as filmagens de um trabalho, Spielberg enviou o quadrinho para Tom Hanks, que logo demonstrou muito interesse no material.

O quadrinho conta a história de mesmo nome e personagens do filme. Ela é baseada em John Patrick Looney, mafioso irlandês que se envolvia não só em atividades criminosas, mas como também em políticas. Diferentemente de sua adaptação para o audiovisual, Looney morreu de tuberculose em um sanatório no ano de 1942, após ter se envolvido em uma guerra de gangue. Na história real de Looney reza a lenda que certa vez ele se voltou contra um homem de sua confiança chamado Dan Drost, que comandava um jornal onde Looney espalhava suas falsas notícias e destruía a reputação de seus inimigos.


JESUS, O DIABO E A MORTE

O filme é ambientado no mundo da máfia irlandesa, e eles são muito religiosos. Várias das cenas são ambientadas em uma igreja, ou possuem ao menos um pequeno emblema como uma santa no quarto onde Sullivan e seu filho se hospedaram. Um dos temas do filme é justamente este paralelo com a religião e figuras religiosas - mais especificamente girando em torno de figuras do cristianismo.

É possível fazer um paralelo de Sullivan com Jesus. Pois, em resumo, ambos sofreram traição e morreram para pagar os pecados dos outros. Sullivan era homem de confiança de Rooney e isso causava ciúmes em Connor, o verdadeiro filho de Rooney. Quando Sullivan e Connor vão confrontar Finn McGovern, que durante o funeral falou mais do que devia, Connor perde a cabeça e atira na cabeça de Finn - e Sullivan limpa o restante dos homens de Finn. Sullivan não contava que seu filho mais velho, Michael, havia se escondido no carro e presenciado tudo. Essa era a oportunidade que Connor jamais perderia, pois ele se veria livre de uma vez por todas de Sullivan.

Connor é a personificação da mentira. Tudo o que ele faz e fala é questionável e impossível de acreditar 100% nas suas palavras, pois elas têm veneno.

Rooney é a personificação do diabo. Em dado momento ele é tido como Deus, pois ele dá e tira das pessoas como diz Finn McGovern, um encarregado de Rooney que sabia que seu irmão foi morto a mando do chefão. Porém, Rooney na verdade é o Diabo, pois segundo o cristianismo, o diabo é o pai da mentira: Connor.

Maguire é a personificação da morte. Este homem foi contratado por Frank Nitti, a fim de dar fim na vida de Sullivan e seu filho, Michael. Maguire é um personagem peculiar, pois ele é desajeitado, tem um hobby bastante mórbido (fotografar pessoas mortas, depois de matá-las é claro) mas quando se trata de matar ele é implacável: sua postura muda e ele se torna imparável como o trem que divide tela com ele em uma das cenas. Se ficar em seu caminho, ele vai te atropelar.

FAMÍLIA

Outro tema do filme é família. Sullivan é casado e tem dois filhos, mas essa não é sua principal família. O chefão Rooney lhe deu casa e um trabalho para sustentar sua esposa e filhos durante a grande depressão de 1930. Rooney acaba sendo chamado de avô pelos filhos de Sullivan, e eles dividem um hobby juntos que é jogar dados.

Durante uma partida, no meio do funeral do irmão de McGovern, o "avô" joga dados com os netos - e perde. Rooney diz a Michael para buscar o prêmio em seu casaco, no andar de cima. Quando Michael chega na sala ele se depara com Connor, que está com as pernas esticadas e fumando um cigarro. Connor, então, dispara sua primeira mentira e intimida o garoto, que sai da sala sem o dinheiro.

Mais adiante descobrimos que Connor desviava dinheiro do bolso da máfia - seu pai, Rooney, não só sabia como o protegia. É interessante observar como Michael é parecido com seu pai, Sullivan, mas em uma versão boa e não corrompida. Além do jogo com os "netos", Rooney e Sullivan tocam piano juntos e saem abraçados das reuniões. A gratidão de Sullivan para com Rooney não o permitiu enxergar o ciúmes que Connor sentia dele, e que este seria o sentimento catalisador para todo o desenrolar do enredo.

PAI & FILHO


Ampliando a visão do tema família, temos especificamente vários casos de relação entre um pai e um filho. Ainda que exista a esposa e algum outro familiar na parada, o foco acaba se voltando para o pai e seu menino. Tanto Sullivan e Michael Jr, ou Rooney e Connor, ou ainda Rooney e Sullivan, são relações de pai e filho explorados no filme, e esse acaba sendo um triângulo que acaba entrando em conflito um com o outro.


Michael Jr. entrou escondido no carro do pai e presenciou o assassinato de um associado da máfia. Connor, por sua vez, sempre sentiu ciúmes de como Sullivan era tratado por seu pai, e quando Michael Jr. é flagrado na cena do crime, ele acaba recebendo a chance de ouro que esperou por toda a vida, pois ali ele sabia que tinha uma chance única para finalmente ter a aprovação de seu pai.


Sullivan, por sua vez, tenta proteger seu filho de tomar o mesmo caminho que ele. Porém, essa maneira de lidar com a situação acaba trazendo Michael Jr. mais para perto do que ele gostaria. Sullivan sempre se viu em seu filho, e faz sentido o tratamento “diferenciado” que ele lhe deu, pois sabemos que os semelhantes sentem “repulsa” um pelo outro. Mas o problema é que Michael Jr. se sente deslocado do mundo, e isso fica claro logo no começo do filme quando ele pedala de bicicleta no sentido contrário ao das demais pessoas.