Especial Batman – Parte 1: Criação e primeiros anos


Olá, amigos do Estante! Esta é a primeira publicação de uma série que farei homenageando o personagem da DC Comics: o Batman. O “Especial Batman” foi dividido em 6 partes e penso em concluir a série ao longo das semanas a seguir, mas segue abaixo a relação das publicações que farei. Conforme eu for postando, essa – e as outras partes – ganharão um novo link no sumário, para todo mundo ter a referência e saber quando as outras matérias da série saírem.

Parte 1: Criação e primeiros anos (atual publicação)
Parte 2: CMAA (Comics Magazine Association of America), primeira releitura e a suavização do personagem - CLIQUE AQUI
Parte 3: Segunda releitura com Neal Adams, novos personagens e o retorno da fase sombria - CLIQUE AQUI
Parte 4: Anos 80 – A era das graphic novels - CLIQUE AQUI
Parte 5: Filmes, séries e videogames - CLIQUE AQUI
Parte 6: The Batman de Matt Reeves com Pattinson - CLIQUE AQUI

CRIAÇÃO e PRIMEIROS ANOS

A história do Batman começa como um reflexo da euforia em cima do novo super-herói chamado Superman. Jerry Siegel e Joe Shuster criaram um monstro, publicado pela primeira vez na revista Action Comics no ano de 1938. A National Comics estava farejando qual seria seu próximo case de sucesso e voltou sua atenção para um excelente desenhista chamado Bob Kane. Kane mantinha um pequeno estúdio onde supervisionava alguns trabalhos, além dele próprio desenhar muitos projetos e contar com um assistente muito talentoso chamado Bill Finger. Kane e Finger se reuniram, e Kane lhe contou sobre a oportunidade de fazerem sucesso. Finger ouviu atentamente toda a história até que o desenhista lhe mostrou um esboço de personagem chamado ‘Bat-Man’.

Este foi o primeiro esboço do herói (arte por: Bob Kane)

Bill Finger era roteirista e sabia narrar histórias de personagens, além de descrevê-los muito bem em suas tramas. O esboço que Bob Kane havia lhe mostrado não era bom o suficiente, então Finger começou sua magia ali: trocou o vermelho do uniforme por tons acinzentados, em seguida, substituiu a máscara estilo Zorro por um capuz com orelhas pontudas, semelhante a um morcego, e por último trocaram aquele protótipo de asa-delta, que se prendia nos pulsos do personagem, por uma capa comprida que lhe escorria dos ombros até os pés. Bob Kane pode tê-lo criado, mas Bill Finger definiu o que conhecemos do personagem até os dias atuais.

SOMBRIO DESDE o PRINCÍPIO

Não há como pensar no Batman como um herói divertido. A criançada até o idolatra, mas quando passamos para a adolescência ou para a fase adulta nossa admiração ainda continua, pois é um personagem com muitas camadas de complexidade na sua psicologia. Um cara sem super poderes como Superman, que se veste de morcego e sai pulando de telhado em telhado não pode ser muito bom das ideias, devemos dizer. Fato é: embora tenham tentado, duas vezes, Batman nunca será um personagem carismático e divertido. Adam West ganha créditos pelas lembranças de um passado distante, mas recentemente George Clooney deve querer esquecer que foi Bruce Wayne alguma vez em sua vida. Esta experiência deu muito errado, não adianta.
Quando um filme é muito ruim, tudo é motivo para críticas. Você sabe do que falo!

Mas quem vê, pensa que o herói se tornou sombrio com o tempo – mas se engana e feio. Nos anos 80 vários super-heróis da DC Comics ganharam uma repaginação – como recentemente introduziram o universo dos Novos 52 – e o Batman foi o único que não teve sua história de origem alterada. Ela já era perfeita, ganhou apenas alguns elementos que deram o toque do chef, construindo uma mística ainda mais profunda e realista de um personagem.

Bill Finger criou a origem de um personagem que já havia se tornado muito popular naquele ano de 1939: um garoto chamado Bruce Wayne presenciava seus pais serem assassinados em um beco, e que mais tarde o faria se tornar um combatente do crime. Os quadrinhos daquele tempo não eram muito populares e eram lidos majoritariamente por crianças, e não demorou a vir uma censura pesada chutando a porta de cada editora. Mas este capítulo fica para a próxima publicação.

BILL FINGER: UMA TRÁGICA HISTÓRIA

Tudo começa em 1965, na primeira Comic Com sediada no subsolo do hotel Embassy, em Detroit. Imagina que em meio a um evento de quadrinhos visitado por crianças acompanhadas de seus pais, alguns maloqueiros deitados no chão, drogados e urinados, também faziam parte do cenário. Algumas crianças sequer entraram no evento, voltaram da porta para trás. Mas quem entrou, conheceu o criador do Batman – e não é de Bob Kane que estamos falando. Muitas pessoas se surpreenderam com a história nunca antes contada, e é possível afirmar que poucos acreditaram, já que o nome Bill Finger nunca havia aparecido em qualquer quadrinho sequer. Mas ali a semente da eternidade estava sendo plantada, embora Bill propriamente dito nunca tenha recebido esse reconhecimento em vida, pois faleceu em seu apartamento, enquanto dormia, no ano de 1973.

Lá pelos idos de 1930/1940, Bob Kane e Bill Finger fizeram um acordo de cavalheiros, onde Kane dividiria os pagamentos que receberia com o amigo co-criador do Batman. Kane era contratado da National Comics – que mais tarde veio a ser conhecida como DC Comics - e pagava pessoas para trabalharem para ele, o que não permitia serem creditados nas publicações. Bill Finger não apenas construiu o conceito visual do Batman que conhecemos até hoje, mas criou também a origem do herói assim como o panteão de vilões como Pinguim, Coringa, Mulher-Gato e nomeou a cidade onde o herói combatia tais inimigos: Gotham City. Com o tempo, Kane parece que foi se esquecendo do combinado e passou a deixar Bill Finger sem um tostão no bolso. Com dívidas penduradas na porta do apartamento, foi encontrado já sem vida por um amigo – com a TV ligada, chuviscando, e o rosto coberto pelo cobertor. Assim morreu Bill Finger.

Esta é a primeira parte e aqui a encerramos. Nos vemos na parte 2 onde vocês vão entender o que foi o fenômeno do Batman com Adam West - e suas dancinhas maravilhosas – e o que levou o personagem a ter vilões alienígenas em viagens espaciais, por exemplo, ou enfrentar os personagens de Alice no País das Maravilhas.

Abraços,
Kike

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REFERÊNCIAS

Documentário - Batman & Bill (direção: Don Argott e Sheena M. Joyce; 2017)

Batman Fandom - https://batman.fandom.com/wiki/Bob_Kane

Bill Finger reconhecido como um dos criadores do Batman - https://www.thescifiworld.com/PT/index.php/noticias/comics/item/2285-bill-finger-e-finalmente-reconhecido-como-co-criador-do-universo-batman

Detective Comics #33 - http://www.guiadosquadrinhos.com/edicao-estrangeira/detective-comics-(1937)-n-33/84/2768